Minha Jornada de Superação e Cura
Se você chegou até aqui, provavelmente já leu meu mantra: “Viver é diferente de estar vivo”. É uma frase que eu carrego como uma tatuagem na alma. Mas para que você entenda por que ela é tão importante para mim, eu preciso te levar de volta no tempo.
Então, “peraí”. Deixa eu te contar a história por trás deste blog. Deixa eu te apresentar quem eu sou.
Ato 1: A Daia de 2011 (Sobrevivendo)
Eu tenho uma foto minha de 2011 que guardo como um lembrete. Se você olhar bem nos meus olhos ali, vai ver uma tristeza, uma frustração gigante. Eu tinha 20 e poucos anos, mas carregava o peso de 80.
Eu tinha vergonha das minhas mãos.
Nascida na zona rural de Estrela (RS), minhas mãos eram de agricultora. Calejadas de capinar lavoura de fumo, de tirar leite de vaca. No inverno, elas rachavam até sangrar. Eu as escondia, porque elas denunciavam uma vida que eu sentia que não era minha.
Eu aprendi a ser forte muito cedo. Em 2007, meu pai, que é minha grande inspiração, tomou a corajosa decisão de se internar numa clínica de reabilitação por conta do alcoolismo. Na época, a lavoura de fumo estava na floração e alguém precisava fazer o trabalho braçal. Fui eu. Coloquei um pulverizador de 20 litros nas costas e fiz o que tinha que ser feito.
Minha vida era uma rotina exaustiva de apenas “estar viva”. Teve uma época em que cheguei a emendar 57 horas acordada, trabalhando de madrugada na Brasilata e à tarde na escola. Por três anos, minha rotina foi andar de moto 20km de ida e 20km de volta para trabalhar. Eu saía às 6 da manhã num frio de zero grau e só voltava para casa perto das 23h, depois da faculdade.
Eu não sabia mexer em um computador. Eu me sentia feia, cansada, frustrada e presa. Eu não estava vivendo.
Ato 2: A Fagulha (Os Livros e as Histórias)
Mas a verdade é que, mesmo com a enxada na mão, minha cabeça estava em outro lugar. Meu corpo estava no campo, mas minha alma estava nas artes.
Desde a infância eu carregava essa paixão por imaginar histórias. Na escola, eu não era a aluna quieta; eu era a que atuava, a que escrevia os roteiros de teatro. Essa fagulha, essa paixão por contar histórias, foi o que me manteve sã.
E no meio da exaustão, eu encontrei a minha arma mais poderosa: os livros.
As histórias resgataram minha mente. Elas foram meu porto seguro, a chama que me lembrava que existia um mundo além daquela rotina brutal. Foram os livros que me deram força para, um dia, olhar no espelho e dizer: CHEGA.
Chega de me sentir pequena. Chega de esconder minhas mãos. Chega de apenas sobreviver.
Ato 3: A Transformação (A Autora)
Eu decidi que não ia mais só consumir histórias. Eu ia contar as minhas. Eu ia trazer a “força do campo” e a minha jornada para a literatura.
Essa paixão por escrever roteiros na infância floresceu. Comecei a colocar minhas crônicas no papel e a me conectar com outros escritores. Tive a honra de ser coautora em diversas antologias, onde pude finalmente dar vida aos mundos que eu imaginava:
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Refleti sobre o tempo na crônica “Sobre o Tempo”, no livro Escrito e escritores, da Academia Literária do Vale do Taquari.
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Mergulhei no suspense da Segunda Guerra com o conto “Um Instante de uma vida inteira”, na antologia A cobra vai fumar.
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Tive a honra de ser a biógrafa, junto com o Flávio Gonçalves, do livro “Sophia & eu”, contando a comovente história do Tenente Bahia.
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E criei um dos meus xodós, o conto “O Guardião do Portal”, para a antologia Juízo Final. Ali, eu pude explorar o romance de Sara e Rafael, numa caminhada mística para libertar a humanidade através da descoberta do amor verdadeiro e do nascimento de Efraim.
Foi o entendimento de que eu merecia mais, de que minha voz tinha valor, que deu vida à Daia de 2025. Uma versão que hoje tem orgulho das mãos que escrevem, que se formou, que construiu o próprio negócio e que entende que a vida é um processo.
Ato 4: A Missão (Por que este Blog?)
Eu não aprendi a ser forte lá atrás e parei. Eu sigo sendo forte.
Recentemente, a vida me deu outro chacoalhão. Uma crise de hipertensão (que bateu 18/12!) me forçou a parar e reavaliar tudo. Eu entendi, na prática, que o mundo corporativo te engole se você não colocar limites. Que “perdoar” é um processo muito mais profundo do que só dizer “ok”. E que, caraca, “pedir ajuda” não é vergonha, é sabedoria.
Nessa jornada, eu aprendi duas coisas fundamentais:
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Pessoas feridas, ferem.
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E pessoas curadas, curam.
Este blog é a minha forma de curar. É o meu lembrete de que “negócios são feitos de pessoas, para pessoas”. É o meu espaço para honrar a história dos meus pais e os 50 anos de casados deles, que me ensinaram sobre amor de verdade, com todas as suas falhas e superações.
Eu não estou aqui para fazer resenhas frias ou análises técnicas. Estou aqui para usar os livros — os meus e os que leio — como um ponto de partida para as nossas conversas, para as nossas conexões.
Estou aqui para te lembrar que, não importa o que aconteceu com você, importa o que você faz com tudo isso.
Porque, no fim das contas, a nossa única missão é fazer a vida pulsar e vibrar através de nós.
Vamos juntas? Gratidão por estar aqui. ✨💜





